SOBRE A PANDEMIA

Durante este momento em que vivemos uma pandemia, assistimos também concomitantemente a uma série de acontecimentos na política, em questões sociais e econômicas, refletindo nas mais diversas reações psíquicas: medo, preocupação, desespero, desânimo, raiva, negação...

A pandemia tem consigo o efeito de uma alavanca para aquilo que de alguma maneira já habita em nós, algo inerente condição humana de existir; medos, angústias, dificuldade em lidar com limites, perdas, entre outros.

Contudo, essa angústia nos sinaliza algo, algo da ordem do psíquico, de nossas questões subjetivas também, e que aponta para nossa dificuldade em dar borda, simbolizar o que estamos vivendo sem nos sucumbir por esta angústia.

É um momento em que a humanidade se depara com o real da morte, da doença, da perda e das incertezas. Quanta incerteza!

Este instante também abre a possibilidade para assumirmos a importância de um lugar de elaboração para essa aflição. Um lugar de fala sobre aquilo que muitas vezes é inominável possa ganhar outros arranjos através da palavra, ou seja, ganhar uma representação, como tentamos fazer diante de situações difíceis quando perdemos um emprego, alguém importante, algo valorativo em nossa vida.

A pandemia nos traz novos desafios sem dúvida, mas também nos faz esbarrar naqueles antigos, os quais, muitas vezes, já insistíamos em fingir não enxergar.