OBSESSÃO E LIMPEZA
- psicologamanuelasi
- 21 de out. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de dez. de 2023
Para além de um diagnóstico classificatório psiquiátrico de TOC, para psicanálise é imprescindível um trabalho sobre construir um saber singular sobre o sujeito.Trata-se, de rastrear as entranhas que dão suporte aos sintomas.
Se por um lado encontramos um diagnóstico objetivo capaz de fundamentar um manual estatístico e classificatório, por outro lado deparamos com o sofrimento psíquico, com o que há de particular no mal-estar de cada um.
Na neurose obsessiva, a obsessão é o principal sintoma de sofrimento psíquico, um fenômeno do pensamento, de uma ideia que se opõe a própria vontade da pessoa: ela não gostaria, mas não consegue sair de casa se não conferir a fechadura vinte vezes, se não limpar a casa repetidas e incessantes vezes.
Costumes e manias em alguma medida, podem fazer parte do nosso dia a dia, como formas de ajudar com a organização da rotina, das tarefas, ou mesmo no trabalho. Mas a partir do momento em que essas ideias tomam um caráter intrusivo, egodistônico e tais atos tornam-se imperativos, controlando a vida, causando sofrimento e prejuízo, dominando a relação com as pessoas e a vida ao seu redor é preciso tomar o mesmo como um sinal de alerta.
Na neurose obsessiva, a energia psíquica é desviada dos conteúdos inconscientes para rituais externos, que geram prazer e alívio.
Em toda neurose obsessiva há uma necessidade imperiosa de assumir o controle das coisas, fazer com que elas sejam previsíveis, estabelecendo “rotinas” que garantam o controle sobre a situação.
No caso da “mania de limpeza”, o inconsciente pode estar lidando com algo que no mundo interno é percebido como “sujo”, “contaminado” e relacionado a sentimentos de culpa e à necessidade de purificação.
Para Freud, uma ideia intolerável é substituída pela obsessional, ou seja, substitui ideias primeiras que o sujeito não consegue aceitar muito bem: ideias ligadas a contrariedade de valores morais, morte, sexualidade, temas traumáticos, entre outros. Sendo assim, o sujeito se encontra numa posição difícil, alegando para si mesmo: "não é possível, eu não posso ter pensado nisso!"
Portanto, este pensamento que não é tão lógico, sem nexo, e desagradável, vai passar assediá-lo sempre, o fazendo dedicar parte de sua vida útil a esses momentos.
Que seja alcançado a cura ou a melhora dos sintomas, o importante é buscar tratamento e a possibilidade de compreender melhor suas defesas e seu modo de funcionar.
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